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por Ludwig Goulart

O Tzitzit de Jesus


A diferença entre as religiões além da base escritural é entender o que é sagrado e o que é profano para elas. Existe o sagrado da religião e o sagrado do indivíduo. Para alguns, sagrado é ir na praia no domingo de manhã, e para outros sagrado é ir na academia e malhar três vezes por semana e para outros sagrado é assistir a rodada do brasileirão quarta-feira à noite. Apesar dos exemplos citados serem ligados ao entretenimento e atividade física, e não serem espirituais , acabam atuando como crenças do indivíduo pois definem valores e prioridades. O mundo, de certa forma, está impregnado de valores religiosos. O sagrado pode ser uma árvore, uma pedra, uma mezuzá, uma ferradura, uma estrela de Davi, um crucifixo, uma vela acesa, uma figa. O objeto ao ser sacralizado se torna outra coisa e ao mesmo tempo continua a ser ele mesmo! Como ele pode ao mesmo tempo ser uma coisa e outra? Que dimensão é essa que ele assume? A Torá está cheia de simbolismos. A bíblia está cheia disso. Símbolos, imagens visuais. Por que isso? Talvez porque a didática de Deus precise de algo que catalise a fé, que interaja, sem que tudo precise ser explicado, detalhado, racionalizado. Como posso explicar a fé? A fé é mais do que um verbete de dicionário, é uma experiência que alguns tem e outros não tem. No livro de Hebreus a fé é definida como a certeza de coisas que não existem! Temos fé no que ? De que os juros acumulados das contas que você tem para pagar vão só aumentar se você não pagar em dia? De que o verão esse ano vai ser quente. De que o transito vai ficar cada dia mais complicado? Isso não é fé...isso é fato! Fé é acreditar no improvável, fé é admitir riscos, fé é louvar e celebrar antes de algo acontecer. A fé tem rotina, tem agenda, tem simbolismo e tem ritual. Tem gente que vive embebido no ritual e tem gente que abomina o ritual, porque o considera antigo, velho, fora de moda, sem relação com o seu mundo. O ritual é um intensificador de valores, ele é catalisador da fé. É a instrumentalização da fé. A fé em ação passa pelo ritual. E nossa vida é totalmente ritualizada mesmo sem o peso da religião. Rito é prioridade, sequência, ordem, não é necessariamente um conceito religioso ou de natureza espiritual. Ele dá ordem ao caos porque organiza e prioriza. É óbvio que ninguém vive sem tradições elas são necessárias para a vida. A base religiosa da civilização ocidental é construída sobre a cultura judaico-cristã, e portanto utiliza quase o mesmo livro de fé, mas com abordagens e interpretações absolutamente diferentes. Um bom exemplo disso é o Talit , em sua essência, é um pedaço retangular de pano utilizado como xale de orações pelos judeus em seu processual religioso matinal que prende em suas quatro extremidades os “Tzitzit” que são nós dispostos em forma de franja de tal maneira que simbolizem os mandamentos da Torá. Nm 15:38-40 - “Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das suas vestes façam franjas pelas suas gerações; e nas franjas das bordas ponham um cordão de azul. E as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os cumprais; não seguireis o vosso coração, e nem após os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo. Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sejais a vosso Deus.” O judeu Yeshua (Jesus) cumpria ortodoxamente a Torá. Ele usava diariamente. Um relato interessante que existe na bíblia é o momento em que no meio da multidão, uma mulher tocou em suas vestes. Lc.8:44 - “Chegando por detrás dele, tocou a orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue” Ele percebeu um toque em sua roupa dado por uma mulher. Numa sociedade essencialmente patriarcal, a presença de uma mulher por si só já era um ato de certa ousadia. Mas houve o toque. A mulher estava enferma, ela estava com uma hemorragia que não estancava. Os médicos da época não puderam ajudá-la. Essa mulher era tratada quase como se estivesse com uma doença contagiosa. Ela vivia atormentada pela vergonha, com a autoestima destruída. Ela disse: “Se eu tocar no Tzitzit do Talit de Jesus, ficarei curada”. Ela não somente disse que seria curada se tocasse nas vestes daquele hebreu, mas de fato ela tocou e foi curada. O que temos aqui nesse caso ? Ela estava tocando simultaneamente na Autoridade (Yeshua) a quem foi dado todo o poder , que estava literalmente vestido com a Palavra de Deus, pois o Tzitzit representava os mandamentos . E houve liberação de poder , ela agiu pela fé ! O ato dela foi profético, pois já estava apontando para os dias em que pessoas e nações impuras teriam acesso ao Poder da Palavra, como profetizou Zacarias: Zc 8:23 - “...naquele dia sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão sim, na orla do vestido de um judeu dizendo: iremos convosco porque temos ouvido que Deus está convosco.” Aquele objeto sagrado não era um amuleto mas expressava a fé dela.Que fé ela tinha? Judaica? Cristã? Não importa qual a cultura da fé , mas sim em quem ela tinha fé. A fé era em Jesus! O símbolo por si só é ineficaz, mas se ele aponta para sua fé, saiba que nada é impossível para aquele que crê!


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